Policia Civil indicia dois médicos pela morte de jovem estuprada em UTI de Goiânia
Escrito por Radio Sempre FM em 19 de novembro de 2019
Corporação concluiu que profissionais foram negligentes com a paciente e que estupro contribuiu para a morte. Técnico em enfermagem é réu pelo abuso contra a vítima.
A Polícia Civil de Goiás indiciou dois médicos pela morte da estudante Susy Nogueira, de 21 anos, após ela ser estuprada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Goiânia Leste, na capital. Segundo a corporação, o abuso contribuiu para a piora no quadro da paciente e os indiciados foram negligentes.
Por meio de nota, a OGTI, empresa responsável pela UTI do Hospital Goiânia Leste, disse que “ainda não teve acesso ao relatório de conclusão do inquérito policial”.
O delegado responsável pelo caso, Washington da Conceição, disse que foram ouvidas mais de 60 pessoas para a realização desse inquérito.
Conceição disse que tudo nos autos aponta para a responsabilidade desses médicos, que respondem agora por homicídio culposo agregado dos elementos de negligência, imprudência e imperícia. Os nomes dos indiciados não foram divulgados.
“A nossa conclusão foi de que houve homicídio culposo, que houve negligencia na falta de investigação focada na doença que a menina tinha. De tudo que há nos autos, a conclusão foi essa, de indiciar os dois médicos por negligencia e imperícia”, disse o delegado.
Susy Nogueira Cavalcante, de 21 anos morreu após ser estuprada em hospital de Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
O delegado também apontou que o técnico em enfermagem denunciado por estuprar a jovem enquanto ela estava internada na UTI é parcialmente responsável pela morte dela também.
“Nós falamos até com médicos fora do caso, mas que a atendiam há algum tempo. Chegamos à conclusão de que toda atitude errada contribuiu para o óbito dessa jovem, mesmo que indiretamente”, completou.
Crime
A estudante de arquitetura foi internada na unidade de saúde após ter uma convulsão. No dia seguinte à internação ela foi entubada, levada à UTI e morreu no dia 26 de maio deste ano. Imagens de câmeras de segurança mostraram que ela foi vítima de abuso enquanto estava internada.
O técnico em enfermagem Ildson Custódio Bastos se entregou à Polícia Civil por ser suspeito do crime, está preso, mas sempre negou ter cometido os abusos contra Susy. Ele é réu no processo que trata do estupro.
Segundo delegada, imagens mostram abuso sexual por parte de técnico de enfermagem — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Família arrasada
Pai da vítima, o policial aposentado Vanderly Cavalcante contou que a família só ficou sabendo que a filha poderia ter sido estuprada pouco antes do enterro dela.
Agoniado, ele chegou a dizer que se lembra de ver a jovem entubada e sentia que ela queria falar alguma coisa nos últimos dias que passou na UTI.
Em uma audiência relacionada ao inquérito que indiciou o técnico em enfermagem por estupro, o pai também desabafou e cobrou uma solução para o caso.
“O sentimento é difícil cicatrizar. Houve falhas, não entregaram os vídeos completos para a gente, queremos saber o porquê. Se o hospital tivesse avisado dos abusos antes, não teria chegado a essa situação”, lamentou à época.
Ainda conforme o pai, essa foi a única vez que a filha foi internada no Hospital Goiânia Leste. Ele disse que não se sentia bem levando ela para o lugar, mas, como era o mais perto, foi a melhor opção.
Ele contou também que a jovem já teve outras crises durante a vida, mas que sempre passava pouco tempo no hospital e logo voltava para casa. Segundo o pai, também foi a primeira vez que Susy precisou ir para a UTI e ser entubada.
Fonte: g1 GO