Cantor Cauan diz que Covid-19 impactou toda a familia: ‘Tinha mais medo de perder meu pai do que de morrer’
Escrito por Radio Sempre FM em 8 de janeiro de 2021
Brasil ultrapassou 200 mil mortes pela Covid-19 nesta quinta-feira. O artista ficou 14 dias internado por causa da infecção pelo coronavírus, dos quais nove foram em UTI. O músico chegou a ter 75% dos pulmões comprometidos.
No dia em que o país alcançou a marca de 200.011 mil mortos pelo coronavírus, o cantor Cauan, que faz dupla com Cleber na música sertaneja, conta que ainda precisa fazer exames periódicos de contagem dos anticorpos que o corpo produz contra o coronavírus mesmo após sair do hospital em Goiânia, há quatro meses. A internação do músico marcou parte da história da pandemia em Goiás. Ele sobreviveu, mas outros milhares de goianos perderam a vida para a doença.
Além dele, todos os familiares que foram infectados pelo vírus passam pelo mesmo exame. Cauan, o pai, a mãe e o irmão estiveram internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para tratar a doença.
O Brasil ultrapassou a marca simbólica nesta quinta-feira (7), segundo o levantamento do consórcio de veículos de imprensa. A primeira morte registrada no país foi em 12 de março do ano passado. Em Goiás, o primeiro óbito foi contabilizado pouco tempo depois, no dia 26 do mesmo mês. A vítima foi uma idosa de 66 anos que morava em Luziânia, e visitou Brasília dez dias antes de apresentar os sintomas.
O número de mortes por coronavírus no estado chegou a 6.918, enquanto 314.701 pessoas contraíram a doença, de acordo com o boletim da Secretaria Estadual de Saúde desta quarta.
Esse exame de contagem de anticorpos citado por Cauan, serve para acompanhar e mapear a reação do corpo à exposição do vírus. O cantor acredita que existe um fator genético muito forte em relação a doença que, segundo ele, causou grande sofrimento aos infectados na família, se comparado à casos de pessoas que pouco apresentaram sintomas. Atualmente, o pai, a mãe e o irmão, que é médico, estão curados da doença e terminaram o tratamento hospitalar.
Cauan e a família visitam pai internado com Covid-19 em Goiânia Linha fina: João Luiz Máximo segue se recuperando da doença — Foto: Fernando Máximo/Arquivo pessoal
O artista ficou 14 dias internado em agosto do ano passado, com até 75% dos pulmões inflamados. Destes, nove foram em UTI. Enquanto esteve acamado no leito, em estado grave, o músico descobriu que seu pai, João Luiz Máximo, de 66 anos, também estava na UTI, a poucos leitos de distância. Foi quando surgiu a maior preocupação durante todo o tratamento. Cauan disse que tinha mais medo de perder o pai do que morrer.
Mesmo após se curar da infecção, o artista não deixou de adotar cuidados com o corpo e continua a fazer exercícios físicos regularmente. No período pós-hospitalar, ele ainda fez uso de anticoagulantes e sessões de fisioterapia, mas já está liberado dos medicamentos e das sessões, e não apresentou nenhuma sequela.
Cauan, da dupla com Cleber, está internado com coronavírus, em Goiânia — Foto: Divulgação/Instagram
O G1 conversou com o cantor neste momento emblemático para o país. Confira a entrevista abaixo:
G1: Após deixar o hospital, quais cuidados você ainda precisa tomar?
Cauan: Periodicamente, preciso fazer o exame que constata a quantidade de anticorpos que meu corpo tem produzido contra o coronavírus. É isso que tenho feito. Depois que saí do hospital, passado algum tempo, fiz o exame, que constatou anticorpos acima de 90. E o segundo, também, da mesma forma. Preciso fazer esse mapeamento. Não só eu, como todos da minha família porque acreditamos que há um fator genético muito forte em relação a essa doença. Todos da minha família que foram contaminados tiveram grande sofrimento. Temos que ter cuidado redobrado. Caso os anticorpos baixem, a gente tem que monitorar mais de perto para evitar uma segunda contaminação.
G1: Ainda faz algum tipo de tratamento com remédios, fisioterapia ou consultas regulares?
Cauan: Durante algum tempo tomei anticoagulantes no período pós-hospitalar e também fiz fisioterapias intensas. Tive alta já da fisioterapia, mas pratico exercícios físicos regularmente.
G1: Ficou com alguma sequela da doença? Pacientes têm relatado dores de cabeça, no corpo, febre e outros.
Cauan: Graças a Deus nenhuma sequela. Pulmão funcionando muito bem. Nada de dor de cabeça, esquecimento ou perda de sentidos.
G1: O que mais te assustou enquanto esteve internado?
Cauan: O que mais me atemorizou no leito de UTI foi a notícia que alguns funcionários do hospital deixaram escapar que meu pai estava internado ali. Até então eu não sabia e isso me preocupou demais. Eles tentaram esconder de mim. Ele estava a três ou quatro leitos de mim. Diante do meu quadro, da minha situação, com 38 anos, e meu pai com 66 anos, com todas as comorbidades que ele tem, me preocupou muito. Tive mais medo de perder meu pai do que morrer.
G1: O que mudou em você depois da recuperação?
Cauan: Para ser bem sucinto, são duas pessoas completamente distintas. Pouco antes de internar, eu já estava passando por momento de mudanças e de transformação de vida. Essa mudança se intensificou de forma muito grande naqueles dias que estive internado. Costumo dizer que houve um renascimento. Agora, sou uma pessoa que dá valor para coisas simples que antes não enxergava. Uma pessoa que se preocupa menos com o amanhã, com o sucesso, que eram coisas que me consumiam muito. Hoje me preocupo mais em buscar a Deus, com a minha família e com a natureza. Isso tem me feito uma pessoa muito mais feliz e mais realizada. Essa transformação veio, sem dúvida, de Deus, que me proporcionou isso no coração e hoje tenho muita gratidão.
G1: Quais conselhos você dá para quem ainda não foi contaminado? Lembrando que o Brasil chega a 200 mil mortos pela Covid-19.
Cauan: Se cuide. Redobre os cuidados, que logo terá vacinação. Sei o quanto é difícil viver isolado, sem um abraço, um beijo, sem se aglomerar, sem festinhas, mas nesse momento acredito que é hora de redobrar os cuidados e esperar a vacina. Usem máscaras e reforcem a higiene pessoal.
Cauan mostra máscara que ele usava para respirar na UTI, em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/Instagram
Tratamento
O músico foi internado, primeiramente, na Clínica do Esporte, em 12 de agosto, dois dias após descobrir a contaminação do coronavírus.
Três dias depois, foi levado para o Instituto Ortopédico de Goiânia (IOG), onde deu entrada na UTI. Por fim, novamente após três dias, em 18 de agosto, foi transferido para o Hospital Anis Rassi, local em que continuou até o fim do tratamento.
Durante o tempo em que ficou internado, o cantor chegou a ter 75% de comprometimento das funções do pulmão, índice que foi diminuindo com o decorrer do tratamento.
Fonte: g1 GO