José Eliton admite ter usado avião de preso na Operação Decantação sem pagamentos
Escrito por Radio Sempre FM em 3 de abril de 2019
Segundo depoimento dele à PF, a aeronave foi usada ‘para fins partidários’ porque o PSDB tinha a intenção de fazer a locação, o que acabou não ocorrendo.
O ex-governador de Goiás José Eliton disse, em depoimento à Polícia Federal, que usou o avião de Carlos Eduardo Pereira da Costa em 2016 “sem contrato e os pagamentos não [foram] formalizados”. Conforme a declaração do político, os usos do avião King Air foram “para fins partidários”, já que o partido ao qual ele pertence, PSDB, tinha a intenção de locar o avião, o que acabou não ocorrendo.
Carlos Eduardo Pereira da Costa é um dos investigados e chegou a ser preso na Operação Decantação 2, conseguindo a liberdade dias depois. Ele foi apontado como sócio da Sanefer, uma empresa que teria recebido altas quantias de forma indevida da Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago).
Na época, a defesa dele disse que a soltura do cliente só demonstrava a ilegalidade da prisão.
O G1 entrou em contato com o PSDB por e-mail, já que as ligações feitas às 18h ao diretório do partido em Goiânia não foram atendidas, e aguarda posicionamento.
A assessoria do político informou que ele “não quer mais se pronunciar por agora”. Também durante o depoimento, colhido na sexta-feira (29), José Eliton disse ter usado a aeronave eventualmente “de forma graciosa (carona)”. Na mesma data, o político fez uma declaração à imprensa, quando repetiu a última informação e disse ainda que todos os voos que fez durante campanha política foram legais.
Também nesta declaração à imprensa, José Eliton disse que foi ele próprio quem procurou a Polícia Federal para prestar os esclarecimentos acerca da investigação.
Sede da Companhia de Saneamento de Goiás no Jardim Goiás em Goiânia — Foto: Assessoria de Imprensa da Saneago/Divulgação
Investigação
As investigações constaram que três empresas, de um único dono, foram beneficiadas em contratos com a Saneago, mesmo com “impedimentos fiscais e não sendo especialistas na prestação dos serviços demandados, o que indica direcionamento de licitação”.
De acordo com a Polícia Federal, empresários, dirigentes e agentes públicos são investigados pelos desvios. As buscas foram feitas, conforme a polícia, em endereços de investigados e pessoas ligadas ao ex-governador, em Goiânia e Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital.
Mala achada com R$ 1 milhão dentro de carro de preso durante a Operação Decantação 2, — Foto: Polícia Federal/ Reprodução
Durante as buscas, os policiais acharam uma mala com cerca de R$ 1,3 milhão, armas e outra mala com R$ 1 milhão.
Conforme a PF, os envolvidos devem responder, na medida de suas participações, pelos crimes de associação criminosa, peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, fraudes em processos licitatórios e lavagem de dinheiro.
Fonte: g1 GO